Ação de internacionalização: aluna do curso de mestrado do PPGAD apresenta resultados de sua dissertação às pesquisadoras francesas
Você sabe o que é Marca de País de Origem (MPO)? Atributo de qualidade que indica características gerais, reais ou imaginárias de um determinado país pode ser utilizado pelos consumidores como uma referência ou um parâmetro de avaliação da qualidade daquilo que é produzido em determinado território. No caso de produtos muito inovadores, como os insetos comestíveis, a MPO pode influenciar a intenção de consumir ou não certo alimento, utilizando-se como indicador as informações apresentadas na embalagem do produto sobre sua origem.
Em alguns países como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália os produtos de origem animal, frutas e alguns legumes somente são comercializados se sua origem estiver estampada nos rótulos. Sabendo-se que no Brasil não há obrigatoriedade por parte dos varejistas em referenciar a origem dos alimentos comercializados e, tampouco, há legislação que libere a produção e processamento de insetos para consumo humano (realidade em muitos países da Comunidade Europeia, Estados Unidos e Canadá), uma dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Administração da ESAN/UFMS revelou resultados interessantes sobre a intenção de consumidores brasileiros em ingerir uma farinha de insetos estrangeira.
O estudo experimental realizado pela acadêmica Rafaela Kuff Flores compreendeu algumas etapas. A primeira foi a de seleção de estímulos de país de origem para saber quais países teriam imagem positiva e negativa quanto a produção de alimentos à base de insetos comestíveis aos olhos de consumidores brasileiros que participaram do estudo. Quanto a qualidade, durabilidade e confiabilidade de alimentos produzidos, Reino Unido, Estados Unidos e Austrália foram avaliados positivamente. Por outro lado, os entrevistados afirmaram ter imagem negativa em relação ao que é produzido na Tailândia e na China. Assim, escolheu-se Estados Unidos como país com imagem positiva e China como país com imagem negativa para a etapa do plano de análise do experimento. A expectativa de qualidade foi considerada no estudo como variável mediadora entre a intenção de consumo e o país de origem. Já a Neofobia, rejeição a novos alimentos, foi considerada variável moderadora entre a expectativa de qualidade e a intenção de consumo.
Os resultados revelaram maior intenção em consumir uma farinha de grilo com marca de país de origem americana. Como atributos mais valorizados pelo consumidor, destacam-se a nutrição e aspectos de saúde. Além disso, vale destacar que o interesse pelo produto é dependente da percepção do gosto e da sua aparência. Descobriu-se que o receio do novo A neofobia (rejeição ao alimento novo) interfere negativamente na relação entre expectativa de qualidade e intenção. Assim, no caso de alimentos inovadores para o consumidor, quanto maior o grau de neofobia declarado, maior a será a rejeição em consumir a inovação, mesmo que a expectativa de qualidade seja positiva.
Esses resultados são importantes para a indústria de alimentos que investe em inovações como meio de construir vantagem competitiva. Signos de qualidade são determinantes da intenção de consumo, mas entre grupos de consumidores mais receosos quanto à inovação a intenção de consumo é minimizada pelo medo do novo. Investir em comunicação, valorizar aspectos de sabor e aparência podem diminuir as barreiras ao consumo.
O trabalho de mestrado foi defendido no mês de maio de 2021, sendo orientado pela Professora Dra. Thelma Lucchese Cheung, contando com a colaboração do Professor Dr. Filipe Quevedo-Silva. Os resultados do estudo cumprem com objetivos de um projeto de pesquisa maior, financiado pela ANR (Agência Nacional de Pesquisa Francesa), coordenado pelas pesquisadoras francesas Dra. Gaelle Pantin-Sohier da Université D`Angers e Dra. Celine Gallen da Université de Nantese.
Confira o vídeo da apresentação da aluna Rafaela Kuff Flores: